30 de out. de 2007

ÁRVORE





28 de out. de 2007

Noite



A lua está linda
entre fiapos de nuvens chumbo
e o céu em volta num pálido azul


25 de out. de 2007

Outra abstração


Noutro dia falei do Quintana e queria fazer outro comentário: poema declamado só pela Bethânia.



Poesia é abstração, digo eu. É corte transverso.
É manhosa, insinuante. Sedutora, te leva por seus próprios caminhos.
Te arrebata e/ou te pacifica. Desdenha estereótipos. As fórmulas a constrangem.






foi enviada uma


Deusa temperamental

cuidem-se os humanos





suas formas modificam




aparece sedutora a qualquer um


24 de out. de 2007

GOZO


Gosto da embriagues ilusória a permitir que eu vista

a tua pele

e seja um cordeiro

me sentindo um lobo



Misturo o doce com o azedo, o picante e o suave

o perfume e o fedor, o belo e o horror,

para trazer à superfície as sensações enrodilhadas e presas à razão

O que importa é fazer o parto de algo majestoso

e que a cria

seja perfeita


O meu gozo perene é conhecer a mentira da dor eterna

23 de out. de 2007

GRAVETO

16 de out. de 2007

11 de out. de 2007

De viagem


Nós vamos aproveitar o final de semana prolongado para viajar. Iremos para a pousada de uns amigos na serra e só vamos querer saber de boa vida, do contato com a natureza, escalada, banho de rio, uma boa comida ao redor do fogão à lenha, bebericar um vinho e de ter um bom papo, portanto, até segunda-feira, nada de tecnologia. Se você quiser, pode deixar um recado que quando chegarmos iremos entrar em contato.

Ah! antes da viagem vamos dar uma passada no blog ENVIESADO para dar um alô.
Um bom fim de semana para você também, porque o nosso sei que vai ser, e aproveite bem a sua folga.

10 de out. de 2007

... ... ... ... ... ...









poesia





vastidão do silêncio







7 de out. de 2007

Vastidão


Quintana, meu querido Quintana!

No sábado, na coluna do José Castello, em Elogio da preguiça, ele comentou um pouco sobre o poeta, sobre prosa, sobre Juan José Saer, Cervantes, Kafka, mas acima de tudo falava de Quintana.
Para poupar você das referências: Castello escreveu que Quintana dizia que..., vou copiar trechos.


"O verso é, antes de tudo, uma fórmula encantatória", justificava (Quintana).

Não é fácil fisgar uma prosa de Quintana, que goteja, lenta, pelas páginas. Quando lemos um romance, Saer pensava, temos o vício de buscar o apoio firme de certo “realismo”, que nos ajude a imaginar e a ler. Acontece que na escrita poética, os referentes se esfumaçam. Não é o leitor que descobre um poeta, Quintana dizia. “É o poeta que descobre o leitor, que o revela a si mesmo”
Dizia Quintana que “ser poeta não é uma maneira de escrever, é uma maneira de ser”. Também em sua prosa não há pragmatismo. Volto a Saer, um romancista em fuga da prosa, que me ajuda a ler Quintana, um poeta fora da poesia. Dizia Saer que “o pragmatismo é uma espécie de noção econômica da escrita, fundada na qualidade e na quantidade”. Como se apalpássemos tomates e depois os pesássemos em uma balança.
Arte de pragmáticos, a prosa deixa escapar a vastidão.
Para Quintana, a poesia era a única maneira de comunicar-se “com esse e com outros mundos”. Espécie de vôo cego que quanto mais parece não chegar a lugar algum, mais chega. Ao falatório da prosa, preferia a delicadeza do silêncio. “No silêncio da noite soluçam as almas pelas torneiras das pias”, escreve. Por isso repudiava a poesia falada, em recitais, em saraus, em festas literárias, ocasiões em que o poema se transforma em um “triste passarinho esgoelado”
Nem o falatório nervoso dos declamadores, nem a desqualificação sumária das palavras, mas a dor da delicadeza.
Diz-se que a poesia é dolorosa, mas Quintana sempre suspeitou dessa dor que falam
(e fogem) os pragmáticos. “O sofrimento dos poetas é muito relativo”, ele escreve. “Se um poeta consegue um dia expressar as suas dores com toda a felicidade – como é que poderá ser infeliz?”


A referência ficou um pouco grande, mas tudo aqui é pertinente.
O único comentário que quero fazer neste momento é: Quintana era de uma perspicácia ímpar.

SIMPLES ATO



Por quê, te ver num gesto cotidiano,

- gesto banal, tão humano -

um simples ato de lavar as mãos,

enche meu peito de terna alegria?


A água escorrendo

envolvendo suave, gostosa, macia


sobre o dorso

nas palmas

entre os dedos

O sabão espalhando-se

suif, soap, snap

soando como se fosse a primeira e única vez

em meus sentidos atentos


Intuo

os pingos contrafeitos saltando

enquanto sacodes o excesso

e

mecânicos,

os braços dirigem-se à toalha


que envolve mãos desatentas à carícia felpuda


Tua cabeça longe, formula perguntas

que respondo quase sem vontade

Tens mais o que fazer e pensar

do que perceber este ato corriqueiro

da mesma forma como é para mim



5 de out. de 2007

Nova Série


Usando os recursos disponíveis na rede, resolvi incluir aqui a série
colorindo a escada. Podia ter feito um link, mas dessa forma o blog fica mais animadinho. Era muito parado. O que você acha da idéia? Particularmente, penso que fica melhor colocar um slide show em alguns trabalhos do que fazer como fiz logo que iniciei aqui, com a série da
cadeira

por exemplo, onde coloquei uma foto depois da outra.
Se houver reclamação... nas próximas séries irei colocar só o link.





UMA LINHA,


UMA LETRA, UMA VÍRGULA, UMA FOTO, UM PONT0, UM DESENHO, UMA JANELA,
UM OLHAR, UM BICHO, UMA VELA, UMA FLOR, UM PORTAL, UMA PAISAGEM, UM CÉU,
UM

CORTE ABSTRATO Oi!


para te levar a outras paragens.


ESCADA ABSTRATA

Leitor,




que tenhas momentos de prazer ao ver e ler!


VIDA



E vou vivendo

com uma alegria imensa

com uma paz que me encanta

numa facilidade que espanta

porque vivo como se cada minuto

fosse o último


Ao fim do dia fecho os olhos

e descanso

como se cada sorriso fosse

o único

e todo gesto derradeiro


3 de out. de 2007

HAI (QUASE) KAI





sol de inverno
gaivotas voam no céu
carros na ponte