Trivial
e nem por isso simples e agradável: ir à lotérica e enfrentar uma fila demoradíssima, cheia de apostadores num ilusório amanhã de sorte melhor, só para pagar a conta de luz, pois o banco que toma conta de seu dinheiro tem por norma (ou convênio, sei lá) só receber esta sua conta por débito automático.
E a lotérica? um primor! Um metro e meio por dois metros de paredes feias e sujas, e cheias de parangolés pendurados, com uma fila que se estende pela calçada do shopping tipo suburbano.
Espera, tem mais: porque tem a hora do lanche tão feliz do atendente que desaparece logo antes de te atender e como não podes ir para a fila dos idosos e nem podes deixar de pagar... ficas ali parado esperando a vez.
E se fosse um servidor público... o que não seria dito dele?
Ah! mas agora a agência lotérica também faz um grande favor: você pode fazer um saque de substanciais 200 reais, que já nem rendem tanto, e também saber o saldo – impresso (pagando uma tarifa, claro), pois o “seu” banco acabou com todos os caixas eletrônicos do bairro, portanto, só é possível fazer transações bancárias mais “consistentes” noutro bairro, aonde só se chega de condução, sejam os arriscados ônibus ou as não menos arriscadas vans sacolejantes, ou então resta optar pelo uso do carro do século passado e com necessidade de reparos, sem tecnologia híbrida para emitir menos gases poluentes no meio ambiente.
E o guichê da lotérica? Não sei se todas são assim, mas esta tem uma cabine com um vidro blindex (deve ser) que vai até o balcão, com uma divisão vertical no meio, de um centímetro mais ou menos. Desta forma, o atendente sim, mas o cliente não tem a menor privacidade para fazer uma transação bancária, ainda que sejam os tais duzentos reais, e digo: se tiver um saldo generoso o melhor é evitar pedir um extrato, porque deste lado de cá, se é obrigado a falar num tom alto o suficiente para que o atendente escute. Assim, todo mundo que está apinhado ali, fica sabendo do que está se tratando, o que pode acabar com a tua segurança no caso de ter alguém não muito bem intencionado por perto.
É um bom lugar mesmo pra se fazer apostas em futuro incerto e pra quem vai gastar seu dinheiro ali, mas não pra quem quer apenas pagar uma conta.
Trivial e não trivial
Está em ação o Movimento Nacional em Defesa do Estado Brasileiro que nasceu da união entre entidades representativas de Carreiras de Estado da Alta Administração do Poder Executivo Federal e propõe a reconstrução e o fortalecimento do estado brasileiro por meio da organização estrutural das Carreiras de Estado e da valorização do conceito do servidor efetivo na Administração Pública. O Movimento pagou uma página na revista Época – foi aonde vi – publicada dentro da seção Negócios e Carreira. Excelente a escolha do local. Melhor ainda é o conteúdo apontando a necessidade de o Brasil acordar e de tomar a decisão certa, bem como indica algumas prioridades para o povo brasileiro:
combater a corrupção ao invés de reformar a Previdência retirando direitos;
defender o interesse nacional em vez de apadrinhar os amigos;
reduzir juros e não os investimentos;
não proibir greves, mas cumprir os acordos feitos com os trabalhadores; e
não congelar os salários dos servidores e sim diminuir o número de cargos de indicação política.
O servidor público efetivo e que trabalha de fato, vem sendo vilipendiado sistematicamente, seja em piadas, seja em obras consagradas como no Auto da Compadecida, de Suassuna, seja em sua carreira e remuneração.
Como simples exemplo, as greves empreendidas pelos servidores das Instituições Federais de Ensino parecem não afetar os outros setores e assim vemos seus resultados “sentidos” em uma nota na Coluna do Servidor, do dia 8 de agosto de 2007, assinada por Djalma Oliveira, no jornal O Dia, destacando que as matrículas não foram efetuadas e os professores que não sabem quantos alunos há em suas turmas. Apesar de a coluna pertencer ao caderno de Economia, onde está e quando foi enfocado, com profundidade, o problema gerado por uma greve de servidores no setor de Educação e o seu resultado efetivo para a nação?
Talvez encontremos uma pista no artigo de Cristovam Buarque, publicado no dia 4 de agosto, no jornal O Globo, intitulado “O espírito da Bandeira” que sugere que se no texto inscrito na bandeira “as letras dissessem `Educação é Progresso´, certamente hoje os brasileiros já seriam capazes de ler e escrever, e de reconhecer a bandeira nacional. Todos já teriam concluído o Ensino Médio com qualidade, milhões estariam em boas universidades, e o Brasil estaria na vanguarda científica e tecnológica. Já teríamos derrubado o muro da desigualdade, que nos divide socialmente, e o muro do atraso, que nos separa dos países modernos”.
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